top of page
Buscar

Preço do Cacau Hoje

ree

tabela com as cotações mais recentes do preço do cacau no Brasil.

Estado

Unidade

Preço (R$)

Bahia

arroba (@)

R$ 330,00

Espírito Santo

saca

R$ 1.320,00

Pará

kg

R$ 21,00


O setor do cacau no Brasil vive hoje um momento de importantes mudanças — entre crise, ajuste estrutural, incentivos governamentais e grande desafio para retomar protagonismo no mercado global. Este roteiro pretende mapear esse cenário: contexto histórico, produção nacional, desafios estruturais, oportunidades em “cacau fino” e verticalização, papel do governo e dos produtores, e o que esperar para os próximos anos.O objetivo é oferecer uma visão clara para uso em vídeo, apresentação, ou relatório.


Contexto histórico

Para entender o que está passando hoje, é útil revisitar o passado.O Ciclo do Cacau no Brasil começou no final do século XIX, concentrou-se no sul da Bahia, especialmente na região de Ilhéus, e teve seu auge nas primeiras décadas do século XX. Naquele momento, o cacau era cultivo-chave para exportação, e a lavoura trouxe prosperidade local. Contudo, com o tempo, o Brasil perdeu espaço para produtores africanos que conseguiram escala, e também enfrentou problemas fitossanitários, de solo e organização. Hoje, o país ainda ocupa uma posição relevante, mas já não domina como no passado. Segundo a International Cocoa Organization (ICCO) e outros dados recentes, o Brasil está entre os cinco-sete maiores produtores globais, com cerca de 200-220 mil toneladas/ano.


Situação atual da produção no Brasil

Volume e estatísticas recentes

Recentemente, o setor enfrenta uma forte retração. No primeiro trimestre de 2025, o volume de amêndoas recebidas pela indústria nacional somou apenas 17.758 toneladas — queda de 67 % em relação ao quarto trimestre de 2024. Nos seis primeiros meses de 2025, a produção permaneceu praticamente estagnada em comparação a 2024, com 58.188 toneladas recebidas pelas indústrias, uma queda de 37,7 % frente ao mesmo período de 2023 (93.314 toneladas). Ainda, a indústria de moagem acompanhou essa retração e registrou o menor volume para o primeiro semestre em nove anos: 97.904 toneladas em 2025, queda de 14,4 % sobre 2024 e de 22,6 % em relação a 2023.

ree

Produção por estado e regiões-chave

Embora o Estado da Bahia ainda seja tradicionalmente reconhecido como berço da cacauicultura no Brasil, o estado do Pará assumiu papel de destaque: em 2024 estimava-se que ele respondesse por cerca de 50,7 % da produção nacional. Segundo a National Geographic Brasil, os estados da Bahia e Pará concentram aproximadamente 95 % da produção nacional. No Pará, municípios às margens da Transamazônica e regiões amazônicas estão se estruturando para verticalizar — da lavoura à fabricação e ao turismo do cacau.

Variedade e qualidade do cacau brasileiro

No Brasil, a variedade dominante é a chamada “Amelonado” — variedade mais cultivada mundialmente, casca amarela, aroma mais sútil. Além disso, o país vem ganhando espaço no “cacau fino”, ou seja, amêndoas de qualidade diferenciada para chocolates de origem. O governo e entidades reforçam que o Brasil já faz parte desse mapa refinado.


ree

Desafios que limitam o crescimento

Déficit produtivo / oferta insuficiente

Um dos maiores problemas: a produção nacional não consegue atender a capacidade instalada da indústria de chocolate nem a própria demanda interna. O Brasil possui capacidade de moagem de cerca de 275 mil toneladas de amêndoas, mas a produção fica abaixo desse volume. Essa lacuna obriga importações de amêndoas e derivados para manter a indústria ativa, o que reduz o valor agregado interno e enfraquece a cadeia nacional.

Sazonalidade, clima e doenças

A forte queda no primeiro trimestre de 2025 (-67%) revela não apenas sazonalidade, mas também fragilidades estruturais. Doenças como a Vassoura‑de‑Bruxa e a Podridão Parda afetam lavouras; extremos climáticos e falta de irrigação ou infraestrutura agrava o cenário.

Mão de obra, manejo e pós-colheita

Outro ponto crítico é o manejo da lavoura e a pós-colheita: colheita inadequada, fermentação e secagem mal feitas, armazenamento incorreto — tudo isso impacta a qualidade, produtividade e rejeição das amêndoas. O plano governamental enfatiza isso. Além disso, para muitos pequenos produtores, há falta de acesso a crédito, tecnologia, assistência técnica, o que limita a modernização.

Preço, custos e demanda internacional

Em nível global, os preços do cacau têm passado por forte volatilidade. A commodity encerrou 2024 como a que mais se valorizou, chegando a US$ 12.565 por tonelada, alta de cerca de 300% em relação ao ano anterior. No entanto, mesmo com preços elevados, isso nem sempre se traduz em melhorias para o produtor nacional, se a produção está baixa e os custos (clima, insumos, logística) estão altos.


Oportunidades e pontos de virada

Meta de expansão até 2030

O Brasil estabeleceu metas para dobrar a produção de cacau até 2030 — chegar a cerca de 400 mil toneladas. De acordo com a World Cocoa Foundation (WCF) e o plano Plano Inova Cacau 2030, esse objetivo é considerado realista, dada a disponibilidade de terra, água, agricultores qualificados e melhorias em produtividade.


Qualidade, cacau fino e agregação de valor

Um grande diferencial: o Brasil pode ganhar espaço no segmento “cacau fino”, com maior valor agregado — chocolates de origem, exportação de amêndoas premium, rastreabilidade. O Plano Inova Cacau prevê que 70 % da produção esteja tipificada e 70 % rastreável até 2030. Isso abre oportunidades para que o produtor brasileiro receba preço melhor, para que a cadeia interna capture mais valor, e para que marcas “bean-to-bar” (da amêndoa à barra) nacionais se fortaleçam.

Sustentabilidade, selos verdes e origem

O Ministério da Agricultura informa que a lavoura de cacau pode durar até 100 anos e que o cultivo sustentável tem ganhado força no Brasil. Além disso, recentemente foi sancionada a Lei nº 14.877/24, que cria os “selos verdes Cacau Cabruca” e “Cacau Amazônia” — para produtores que adotem boas práticas ambientais. Esse movimento fortalece a imagem do cacau brasileiro como sustentável, de floresta, sombra, biodiversidade, o que pode abrir mercados premium internacionais.

Turismo, verticais regionais e inovação

No Pará, a lavoura de cacau se conecta também ao turismo e à experiência — por exemplo, roteiros “do pé à barra”, museu do chocolate, etc. Isso mostra que não é só produção em escala, mas também nichos de valor agregado, que podem gerar renda local, empregos e diversificação de fontes de receita.


Atores, governo e cadeias produtivas

5.1 Governo, instituições e fomento

O Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), ligada ao Ministério da Agricultura, é um dos pilares da política de fomento à cacauicultura brasileira. O governo federal, através do Plano Inova Cacau 2030, apontou metas para qualidade, rastreabilidade, segmentação e agregação de valor. Exemplo local: no Estado da Bahia, o Banco do Brasil liberou R$ 1,2 milhão de crédito rural para agricultores familiares na cacauicultura.

5.2 Produtores, cooperativas, indústria

Produtores grandes e pequenos enfrentam os desafios citados, mas também participam de redes de cooperativas, de certificações, de exportação para nichos premium. O Brasil foi reconhecido como país exportador de cacau com 100 % de qualidade, segundo avaliação internacional. A indústria de processamento no Brasil tem capacidade instalada, mas depende da oferta interna. A valorização da matéria-prima globalmente poderia trazer benefícios, se fosse bem aproveitada internamente.

5.3 Exportações e mercado internacional

Apesar da queda da produção, o Brasil segue exportador de derivados e está inserido em cadeias globais. No primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras de derivados de cacau cresceram 27% em volume e 71% em valor em comparação ao mesmo período de 2024. Isso demonstra que, embora haja retração de produção, ainda existe demanda externa pelo que o Brasil produz — especialmente qualidade ou valor agregado.


Cenário para os próximos anos e recomendações

Perspectivas para 2030

Se o Brasil alcançar a meta de cerca de 400 mil toneladas de produção até 2030, isso representaria praticamente o dobro do volume atual estimado (~200 mil toneladas). Para isso, será necessário:

  • aumento de produtividade (melhores clones, irrigação, controle de doenças)

  • expansão da área de cultivo, ou atualização de lavouras antigas

  • melhor pós-colheita e logística (fermentação, secagem, classificação)

  • rastreabilidade, certificação, qualidade de mercado premium

  • incentivos públicos e privados, crédito, assistência técnica

Riscos e incertezas

  • O clima global e regional: secas, excesso de chuva, doenças podem impactar forte.

  • Aumentar produção sem deteriorar qualidade pode ser contraproducente.

  • O mercado global de cacau é volátil: apesar da alta recente, oferta pode se recuperar em outros países e preços cair.

  • Falta de infraestrutura, logística deficiente, custos elevados no Brasil ainda são barreiras.

  • A concorrência internacional é forte (por exemplo, países africanos dominam o mercado).


Recomendações práticas para o setor

Para produtores e atores da cadeia:

  • Investir em mudas/clones resistentes, manejo adequado, boas práticas de pós-colheita.

  • Aproveitar nichos de “cacau fino” para obter melhor remuneração por tonelada.

  • Buscar certificações e rastreabilidade para acessar mercados premium.

  • Aproveitar incentivos públicos: créditos, programas estaduais, selos verdes.

  • Consolidar cooperativas ou redes de produtores para ganhar escala, reduzir custo, negociar melhor com indústrias.

  • Pensar verticalização: não só produzir amêndoas, mas também processar ou participar da cadeia de valor (chocolate de origem, turismo).

Para formuladores de políticas:

  • Continuar apoiando a renovação de lavouras, a assistência técnica a pequenos produtores.

  • Melhorar infraestrutura (transporte, armazenagem, secagem) em regiões produtoras.

  • Incentivar a industrialização local — processar no Brasil para agregar valor.

  • Promover a cadeia como parte de bioeconomia e sustentabilidade, reforçando imagem “cacau brasileiro de floresta”.

  • Monitorar e mitigar os efeitos de doenças e clima, investir em pesquisa com instituições como Ceplac.

Em resumo, o setor do cacau no Brasil passa por um momento de desafio e ao mesmo tempo de oportunidade. O país tem terra, clima, histórico e potencial para crescer, mas enfrenta déficit estrutural grave, queda de produção recente, e competição internacional acirrada. Se conseguir aumentar produtividade, qualidade e agregar valor — sobretudo no segmento “cacau fino” — poderá retomar protagonismo e capturar mais da cadeia de chocolate.Para quem vai produzir conteúdo ou relato, é importante destacar tanto o lado do produtor — no campo, enfrentando clima, doenças, manejo — quanto o lado estratégico e de política pública — metas, planos, mercado global. Também vale trazer exemplos regionais (Pará, Bahia) para dar cor ao roteiro.

 
 
 

Comentários


bottom of page