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Uma Viagem pelos Corações das Pequenas Cidades

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Há algo de mágico em pegar a estrada sem pressa, deixando que o caminho te conduza e o horizonte seja o único limite. Este roteiro é um convite para viver o Brasil de dentro pra fora — longe das capitais agitadas, das praias lotadas e dos pontos turísticos tradicionais. Aqui, o encanto está nas cidades pequenas, nas conversas com moradores, na comida feita no fogão a lenha e nos sorrisos que ainda têm tempo.

Esta viagem parte de Belo Horizonte (MG) e segue rumo ao interior, passando por estradas que cortam montanhas, plantações e rios. É uma rota ideal para quem quer conhecer a alma do Brasil, com história, cultura e simplicidade.


1. Primeira Parada: Tiradentes (MG) — O charme colonial

Distância de BH: 190 kmTempo médio de viagem: 3 horas

A primeira parada é uma joia do período colonial: Tiradentes. Ao chegar, o tempo parece desacelerar. As ruas de pedra, as casinhas coloridas e o som dos sinos da igreja compõem um cenário digno de um filme histórico.

A dica é chegar cedo e caminhar sem destino. No Largo das Forras, o coração da cidade, há cafés e lojinhas de artesanato. Suba até a Igreja Matriz de Santo Antônio, que guarda obras de Aleijadinho e um pôr do sol que emociona qualquer viajante.

À noite, aproveite os restaurantes locais — experimente o tutu à mineira ou o feijão tropeiro com torresmo crocante.

Dica bônus: Hospede-se em uma pousada com fogão a lenha e rede na varanda. O silêncio noturno e o cheiro de lenha queimando são parte da experiência.


2. Segunda Parada: Carrancas (MG) — A terra das cachoeiras

Distância de Tiradentes: 90 kmTempo médio de viagem: 1h30

De Tiradentes, siga para Carrancas, conhecida como o “Cenário das Novelas” — e com razão. A cidade é um verdadeiro paraíso natural, com dezenas de cachoeiras e trilhas.

Passe o dia explorando o Complexo da Zilda, onde é possível nadar, caminhar e apreciar quedas d’água cristalinas cercadas por vegetação exuberante.

Além da natureza, Carrancas conserva tradições antigas. Muitos moradores ainda vivem do artesanato e da agricultura familiar. Converse com os locais — é assim que você descobre as melhores cachoeiras “secretas” que nem sempre aparecem nos mapas.

Experiência imperdível: Fazer um piquenique à beira da Cachoeira da Fumaça, enquanto o som da água mistura-se ao canto dos pássaros.


3. Terceira Parada: São Thomé das Letras (MG) — Misticismo e mistério

Distância de Carrancas: 150 kmTempo médio de viagem: 3 horas

De Carrancas, a estrada começa a subir. Logo as paisagens se tornam mais áridas, e as montanhas de pedra anunciam a chegada em São Thomé das Letras, uma das cidades mais enigmáticas do Brasil.

Conhecida pelas suas lendas de portais energéticos e discos voadores, São Thomé é um destino para quem busca conexão espiritual e contato com a natureza. A Casa da Pirâmide, no alto da montanha, oferece uma das vistas mais belas de Minas — especialmente no pôr do sol, quando o céu parece se incendiar em tons de laranja e violeta.

Durante o dia, explore as grutas e cachoeiras ao redor, como a Cachoeira Véu da Noiva e a Gruta de São Thomé, onde segundo a lenda, o santo teria aparecido.

Dica: à noite, deite no alto das pedras e contemple o céu estrelado. É uma das experiências mais marcantes de toda a viagem.


4. Quarta Parada: Aiuruoca (MG) — O coração da Mantiqueira

Distância de São Thomé das Letras: 100 kmTempo médio de viagem: 2h

A viagem segue pela Serra da Mantiqueira, uma das regiões mais bonitas e preservadas do país. Aiuruoca é uma cidade pequena, com menos de 7 mil habitantes, mas cheia de charme, cachoeiras e gente acolhedora.

Visite o Vale do Matutu, uma comunidade alternativa onde o tempo parece ter parado. Lá, o ritmo da vida é guiado pelo sol, e o barulho mais alto é o vento entre as árvores.

Aiuruoca também é famosa pelos queijos artesanais e pela culinária orgânica. Experimente um café coado na hora com pão de fermentação natural — uma delícia simples, mas inesquecível.

Hospedagem recomendada: Chalés ou cabanas ecológicas com vista para o vale. O amanhecer é de tirar o fôlego.


5. Quinta Parada: Caxambu (MG) — Águas e tranquilidade

Distância de Aiuruoca: 80 kmTempo médio de viagem: 1h30

De Aiuruoca, siga para Caxambu, uma das estâncias hidrominerais mais tradicionais do Brasil. O Parque das Águas é o principal atrativo, com 12 fontes de águas minerais de diferentes propriedades.

Aqui, o ritmo é outro. Aproveite para caminhar devagar, relaxar, respirar o ar puro e provar as águas direto das fontes — cada uma tem um sabor e um benefício diferente.

No centro, há casarões antigos, praças arborizadas e uma atmosfera nostálgica que lembra o Brasil do início do século XX.

Dica: Faça um passeio de charrete pelo parque e encerre o dia com um banho termal.


6. Sexta Parada: São Lourenço (MG) — O equilíbrio entre natureza e conforto

Distância de Caxambu: 30 kmTempo médio de viagem: 30 minutos

A última parada é São Lourenço, uma cidade charmosa, com boa estrutura turística e clima acolhedor. É perfeita para encerrar a jornada com conforto, sem perder o contato com a natureza.

Passeie pelo Parque das Águas, faça um passeio de pedalinho, ou pegue o trem das Águas — uma locomotiva a vapor que faz o trajeto até Soledade de Minas, proporcionando uma verdadeira viagem ao passado.

À noite, aproveite a gastronomia mineira: fondues, caldos, queijos e vinhos locais.


O Retorno — Reflexões de estrada

Ao final da viagem, o carro carrega poeira nas rodas, o corpo um leve cansaço, mas a alma… a alma vem leve, cheia de lembranças e histórias.

Viajar pelo interior do Brasil é redescobrir um país que ainda pulsa no compasso da vida simples. Cada parada é um encontro — com pessoas, paisagens e sentimentos que o tempo nas cidades grandes tende a apagar.

Essas pequenas cidades não são apenas pontos no mapa; são capítulos vivos da história brasileira, guardiãs de tradições e sorrisos sinceros.


Dicas práticas para quem quiser fazer o mesmo roteiro:

  • Melhor época: entre abril e setembro (menos chuva, estradas melhores).

  • Duração ideal: 7 a 10 dias.

  • Veículo: carro ou SUV com bom espaço e pneus em dia.

  • Itens essenciais: mapa offline, câmera fotográfica, repelente, protetor solar e um caderno para anotar experiências.

  • Custos médios:

    • Combustível: R$ 600 a R$ 900

    • Alimentação diária: R$ 80 a R$ 120 por pessoa

    • Hospedagem: R$ 150 a R$ 300 a diária

Viajar pelas estradas do interior é descobrir que o Brasil vai muito além do que se vê nas telas e nos guias turísticos. É perceber que a beleza está no simples — no café passado na hora, na conversa com o dono da pousada, no cheiro de terra molhada após a chuva.

Cada curva da estrada guarda uma nova história. E talvez, no fundo, a melhor parte dessa viagem não esteja em chegar a algum lugar, mas em se permitir seguir o caminho com o coração aberto.

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